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O bonito é belo?

Atualizado: 4 de fev.

Alcança-se a beleza quando se chega a plasmar com maestria, até o mais terrível, o mais trágico, o mais temido... e disso, Caravaggio cuidou muito bem. Assim construiu-se a tragédia grega, assim floresceu a poesia... a música, assim se escreveram os dramas de Shakespeare, nasceram as pinturas de Solana e as aventuras de Dom Quixote.

 

A beleza está, quando nos revela completamente a natureza do poder, do desespero, o mais baixo da natureza humana, onde o fugaz se torna eterno, onde as minhas tempestades... se tornam as nossas tempestades. Os Comedores de Batata, Dois velhos comendo sopa, O incêndio de Roma, a Velha mulher fritando ovos, Tempestade de neve... resplandecem decentemente. A beleza também é decadência. E, se a beleza se inspirou na natureza, o que é a natureza? A natureza é terrível… também. O terrível é caótico e diariamente, dançamos no meio do caos. A beleza é o equilíbrio. A beleza não se resume em buscar a ordem, trata-se de criar ordem a partir do caos... de encontrar a beleza a partir do caos. Ao final, o bonito é belo?


 

A beleza é construída.

Beleza é reinterpretação.

A beleza é transcendência.

A beleza é seduzir os instintos.

A beleza une o terrível ao sublime,

a tragédia de sua contradição.

A beleza não existe para ser amada,

está para ser compreendida.

Beleza é consistência.

A beleza sublima a dor humana.

A beleza exorciza a superficialidade.

Beleza não é panfletagem.

A beleza está em tudo ao nosso redor

e, em infinitos momentos, passa despercebida.

 

A beleza é alcançada em um traço,

em um som,

em uma palavra,

num olhar...

no vício pela sua presença.



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